domingo, 23 de maio de 2010

Geografia de Santa Catarina - Parte III


INDÚSTRIAS

As indústrias catarinenses exercem grande importância econômica no cenário nacional. Muitas delas tiveram suas origens relacionadas às atividades dos imigrantes. As principais regiões industriais são:


Região Nordeste: Joinville e Jaraguá do Sul se destacam como as principais cidades industriais. Predomina o setor eletro-metal-mecânico, com destaque para a EMBRACO, Fundição Tupy, Busscar, a Multibrás( das marcas Cônsul e Brastemp), em Joinville. Em Jaraguá do Sul destaca-se a WEG e a Kolbach, de motores elétricos. Há também importantes indústrias têxteis, como a Malwee. A região também tenta se firmar como pólo siderúrgico, com avanços em São Francisco do Sul.

Vale do Itajaí: Blumenau e Brusque são as mais importantes cidades industriais. Destaca-se como pólo têxtil, tendo importantes indústrias como a Hering, Artex, Teka.

Grande Florianópolis: destaca-se o setor tecnológico, com indústrias como a Dígitro e a IntelBrás. O Pólo Tecnológico, em Florianópolis, é uma incubadora de empresas, que promove benefícios às empresas do setor tecnológico que se instalarem na área.

Região Sul: Criciúma e Tubarão destacam-se como cidades industriais. Estão ligadas principalmente à extração e beneficiamento do carvão, a extração do caulim, indústrias cerâmicas e de plásticos descartáveis. Destacam-se, como indústrias cerâmicas, a Eliane e a Cecrisa.

Planalto Serrano: as indústrias estão principalmente nas cidades de Lages, Otacílio Costa e Correia Pinto. É o pólo do papel e celulose, se destacando a Klabin.

Planalto Norte: São Bento do Sul, Mafra e Rio Negrinho abrigam importantes indústrias moveleiras.

Oeste e Meio_Oeste: destacam-se as cidades industriais de Chapecó, Joaçaba, Concórdia e Videira. A região concentra as principais agroindústrias do Estado, com destaque para a Sadia, Perdigão e Seara.


AGROPECUÁRIA


Santa Catarina, diferente da maioria do território brasileiro, tem suas terras divididas em sistemas de minifúndios. Foi uma herança do sistema colonial, onde as propriedades eram distribuídas às famílias em forma de pequenas propriedades. Estas se dedicaram principalmente à agricultura de subsistência e ao pequeno mercado. As terras foram progressivamente sendo divididas entre os herdeiros, tornando-as ainda menores. As maiores propriedades se encontram no Planalto Serrano, herança da criação extensiva do gado, que emprega poucas pessoas, mas necessita de uma grande quantidade de terras para o pasto.

A estrutura de terras pequenas, ou minifúndios, muitas vezes força a migração para outras regiões do país, devido a não ser suficiente para os anseios de algumas famílias no campo. Muitas também migram para as cidades, provocando um aumento da população urbana, que não consegue absorver toda a mão-de-obra disponível. Há neste caso a formação de bairros periféricos segregados, e em algumas cidades há formação de favelas.

Grande parte dos produtos da agropecuária no Estado tem como processo de produção o sistema integrado, onde as indústrias financiam a produção, para depois adquirirem o produto. Isso garante ao produtor os recursos para o plantio, mas, por outro lado, leva a uma dependência da indústria que o financia.

Mesmo herdando uma estrutura fundiária onde predominam os minifúndios, Santa Catarina é um dos estados mais importantes na produção agropecuária nacional, com uma grande variedade de produtos.
Algumas cidades surgem como destaque em importantes produtos da agropecuária catarinense, e normalmente são acompanhadas por vários outros municípios da região onde se encontra.

Principais Produtos Agrícolas

Os principais produtos agrícolas, com suas principais cidades e microrregiões, são:

Maçã: o Estado é o primeiro produtor nacional. Destacam-se as cidades de Fraiburgo(Meio-Oeste) e São Joaquim(Planalto Serrano), onde são cultivadas com técnicas modernas.


Cebola: tem as maiores produções do país. Destaca-se o município de Ituporanga(Vale do Itajaí) e outros ao redor.

Alho: Santa Catarina é um grande produtor nacional, destacando-se o município de Curitibanos (entre o Planalto Serrano e o Meio-Oeste).

Fumo: plantado no sistema integrado. Destaca-se a região de Araranguá(Sul), Rio do Sul(Alto Vale do Itajaí) e Vale do Rio Uruguai(Oeste).

Banana: é um dos maiores produtores nacionais, destacando-se as cidades de Corupá (Norte) e Jacinto Machado(Sul).

Arroz: tem grande produção, com destaque para Araranguá(Sul), e Joinville(Nordeste).

Principais Produtos da Pecuária

Suinocultura: uma das maiores produções nacionais. O sistema é integrado às grandes agroindústrias catarinenses. Geralmente feito em pequenas propriedades, com trabalho familiar. Destacam-se os municípios do Oeste e Meio-Oeste catarinense.

Avicultura: possui a maior produção nacional, também realizada no sistema integrado. Destacam-se também os municípios do Oeste e Meio-Oeste catarinense.






Bovinocultura: sua produção é insuficiente, fazendo com que o Estado importe carne bovina. A principal área de criação, para o gado de corte, está no Planalto Serrano, destacando-se o município de Lages. A criação leiteira se dá em propriedades menores e aparece por todo o Estado.
Apicultura: a criação de abelhas é uma importante atividade em Santa Catarina, sendo que é o maior produtor nacional. O principal produto é o mel, mas há também produção de geléia, própolis e cera. Destacam-se a região da Serra do Tabuleiro e o Planalto Serrano.


Piscicultura: atividade que vem se desenvolvendo e se tornando importante fonte de renda, principalmente para a população do Oeste e Meio-Oeste, que precisam de uma fonte mais segura de renda, para conseguirem enfrentar os períodos de baixa produção agrícola.


EXTRATIVISMO

Uma das principais atividades extrativistas do Estado é a pesca. O litoral catarinense é farto em frutos do mar e desenvolveu várias colônias de pescadores. Destacam-se os municípios de Florianópolis, Itajaí, Laguna e Navegantes. A criação de moluscos se tornou uma importante fonte de renda para o Estado, sendo que é o primeiro produtor nacional na área de maricultura.




Do extrativismo vegetal, a madeira se tornou importante fonte de matéria-prima para as indústrias. Na região do Planalto Serrano, a Araucária foi extremamente desmatada entre as décadas de 40 e 60. O cultivo do pinus veio para substituir a Araucária como matéria-prima para as indústrias madeireiras e de papel e celulose. A erva-mate é um importante produto sendo extraído principalmente no Planalto Norte catarinense.


O carvão destaca como principal produto do extrativismo mineral. Não é de boa qualidade, sendo que grande parte do carvão usado no Brasil é importado. O carvão catarinense destina-se principalmente à Termelétrica Jorge Lacerda, na cidade de Capivari de Baixo. É transportado pela Ferrovia Dona Teresa Cristina.


Outros produtos do extrativismo mineral são a Fluorita, destacando o município de Morro da Fumaça(Sul) e a argila vermelha e branca(caulim), que serve como matéria-prima para as indústrias cerâmicas, também extraída no Sul do Estado.

Geografia de Santa Catarina - Parte II

GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA

HIDROGRAFIA

A hidrografia catarinense é distribuída de acordo com o relevo do Estado. As serras litorâneas fazem o papel de divisor de águas e determinam a direção da correnteza dos rios. Os rios que correm para o Atlântico fazem parte da Vertente do Atlântico e os rios que correm em direção ao oeste do Estado fazem parte da Vertente do Interior.







Os principais rios, suas regiões e os problemas ambientais são:

- Região Nordeste: o principal rio é o Itapocu. A contaminação se dá por metais pesados, como chumbo e mercúrio, oriundos das indústrias de Joinville e Jaraguá do Sul. O Rio Cachoeira, que passa por Joinville, está entre os mais poluídos. A Baía da Babitonga, entre o continente e a ilha de São Francisco, é uma região que também ficou comprometida.

-Vale do Itajaí: o principal rio é o Rio Itajaí. A bacia do Itajaí se comprometeu devido ao lançamento de resíduos urbanos e de corantes, utilizados nas indústrias têxteis. A poluição faz com que os raios solares não atinjam plantas submersas no rio, o que evita sua fotossíntese, diminuindo a quantidade de oxigênio no rio, processo conhecido como eutrofização.

- Grande Florianópolis: o rio que abastece de água a capital é o Rio Cubatão. A ocupação das áreas em volta do rio e o desmatamento provocam a erosão de suas margens. O rio recebe então estes sedimentos que se depositam no fundo, facilitando seu transbordamento, processo conhecido como assoreamento. A turbidez da água dificulta também o processo de tratamento.

- Região Sul: os principais rios são o Tubarão e o Araranguá. Os depósitos de lixo da mineração do carvão são lavados pela água da chuva e esta tem como destino final os rios, que ficam ácidos e impróprio para peixes. As atividades agrícolas, principalmente o arroz, que usa muita água, tem contribuído também para lançar resíduos químicos nos rios.

- Planalto Serrano: os principais rios são o Rio Canoas e o Rio Caveiras. A poluição está relacionada aos resíduos da indústria de papel e da serragem. Provocam escurecimento da superfície dos rios, causando eutrofização.

- Planalto Norte: os principais rios são o Rio Negro, o Rio São João e o Rio Canoinhas. Recebem também resíduo das indústrias madeireiras.

- Meio-Oeste e Oeste: os principais rios são o Rio do Peixe, Rio Jacutinga, Rio Irani, Rio Chapecó e Rio das Antas. São contaminados por dejetos de suínos e aves, resultante das principais atividades econômica da região. A agricultura também promove a contaminação por resíduos químicos.

Lagoas e lagunas

O litoral catarinense é rico em Lagunas (que trocam água com o mar) e Lagoas( que não trocam a água com o mar), formadas sobretudo por restingas, resultantes dos sedimentos depositados nas linhas de costa. As principais são a Lagoa da Conceição(que é uma laguna), a Lagoa do Peri e a laguna do Imaruí.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Geografia de Santa Catarina - Parte I

LOCALIZAÇÃO


O território catarinense tem um área de 95.318,30 km2 e ocupa 1,11% da área total do território brasileiro. Possui aproximadamente 450km de litoral com o Oceano Atlântico. È considerado o quinto estado nacional em renda per capita e com o melhor IDH. Está totalmente ao sul do Trópico de Capricórnio, portanto, na Zona Temperada Sul. Possui o mesmo horário de Brasília, a hora legal (-3GMT). Limita-se com o Paraná, Rio Grande do Sul e com a Argentina e os rios têm importante papel na identificação destes limites.


Santa Catarina conta hoje com 293 municípios, sendo que o mais populoso é o município de Joinville e o maior município em área é Lages. Os traços da imigração são marcantes, tendo uma influência muito significante nos seus aspectos geoeconômicos. A presença de vales limitados por montanhas contribuiu para uma colonização diferenciada no território, tornando um estado heterogêneo na sua cultura e atividades econômicas.


ESTRUTURA GEOLÓGICA


1 - Unidade Sedimentar Quaternária - É a área de formação mais recente, da Era Cenozóica no Período Quaternário. Constituída por depósitos de sedimentos oriundos das estruturas mais altas. Estes sedimentos foram trazidos pelos rios e correntezas. As praias atuais também se formaram neste período.

2 - Unidade Cristalina Pré Cambriana – São as formações mais antigas. Constituída por planaltos e serras mais próximas ao litoral. As altitudes encontram-se reduzidas devido a longo tempo submetido a erosão.

3 - Unidade Sedimentar Paleozóica – Uma área sedimentar, de grande importância para o Estado, devido aos depósitos carboníferos no Sul.

4 - Unidade Basáltica Mesozóica — a região que apresenta os maiores altitudes do estado, formada pelos depósitos vulcânicos da Era Mesozóica. Estes depósitos foram feitos acima de rochas de arenito, sendo também chamado de unidade arenito-basáltica.



RELEVO


* Planície Costeira: formada pelos sedimentos trazidos pelos rios e pelas marés.
* Planalto Catarinense: trecho elevado, formado por depósitos vulcânicos da Era Mesozóica, que se assentarem sobre rochas de arenito.
* Planície do Rio Uruguai: área rebaixada formando um grande vale. O Rio Uruguai é o principal agente modelador deste relevo, devido ao longo tempo de processos erosivos.

O litoral catarinense é separado do Planalto através de duas serras principais: a Serra do Mar, ao norte, que data do Pré-Cambriano, e a Serra Geral, no Centro-Sul, que data dos depósitos vulcânicos do Mesozóico.
A região mais alta do Estado encontra-se entre Bom Retiro e Urubici, sendo que a neve é comum no inverno nestas regiões.
O ponto culminante é o Morro da Boa Vista (1827m), em Bom Retiro. Outras elevações importantes são o morro da Bela Vista do Guizoni (1823m), em Bom Retiro e o Morro da Igreja (1822m), em Urubici.



CLIMA

O clima catarinense é do tipo subtropical, segundo a classificação de Strahler. É úmido o ano todo, ou seja, não apresentando estação seca marcante. No verão predomina as chuvas convectivas e no inverno as chuvas frontais. Em algumas cidades, como Joinville, são freqüentes também as chuvas orográficas. É um clima de alta amplitude térmica anual.
Segundo a classificação de Köppen, Santa Catarina possui dois subtipos climáticos: Cfb e Cfa.
C – Mesotérmico
f – sempre úmido
a – verões quentes
b – verões brandos
As massas de ar que atuam com mais freqüência são a Massa Tropical Atlântica e a Massa Polar Atlântica. As frentes são formadas pelo encontro dessas massas de ar e são muito freqüentes nos meses de inverno.



VEGETAÇÃO

A vegetação catarinense é bem diversificada. Adapta-se às variações climáticas no estado, à distância em relação ao litoral, à umidade, ao relevo, a luminosidade e à fertilidade do solo.


As principais formações vegetais são:

Mata Atlântica ( Floresta Ombrófila Densa): é a vegetação encontrada no litoral catarinense, onde a umidade é maior e as chuvas são mais freqüentes. É higrófila, latifoliada, perene, densa e heterogênea. É bem estratificada, com árvores importantes como o cedro e a figueira. É das florestas brasileiras que recebeu maior grau de desmatamento. Em Santa Catarina encontra-se em várias reservas protegidas.

Mata de Araucárias (Floresta Ombrófila Mista): aparece no planalto catarinense, em altitudes superiores a 500m. É aberta, aciculifoliada e homogênea. Grande parte desta floresta desapareceu no século XX devido às empresas de exploração de madeira. Possui importantes espécies como a araucária, a erva-mate e a imbuia. Frequentemente aparece associada a áreas de campos.

Floresta Subtropical do Uruguai ( Floresta Estacional Decidual): é a vegetação característica das regiões próximas ao Rio Uruguai. Aparece em altitudes inferiores a 500m. Predominam as espécies que perdem suas folhas no outono e inverno, mas há grande número de espécies perenes. Destaca-se a grápia, o angico vermelho, o louro-pardo, a canafístula e a guajuvira. Entre as espécies perenes temos as canelas, o pau-marfim, os camboatás.

Campos (Savanas): vegetação rasteira, herbácea, de gramíneas. Aparecem em maior quantidade no Planalto Serrano, freqüentemente associados à Araucárias. Constituem excelente pastagem para o gado, influenciando na economia da região.

Vegetação Litorânea (Formações pioneiras): aparecem na costa, no contato entre mar e continente. Constitui-se principalmente da vegetação de restinga e dos manguezais. A vegetação de restinga aparece junto às dunas e praias, com arbustos e gramíneas esparsos, com raízes alongadas acompanhando a superfície do solo.

Os manguezais são halófitos e pneumatóforos. Aparecem em áreas onde as águas dos rios se encontram com as águas do mar, e onde não haja rebentação de ondas. Aparecem no litoral norte e centro do Estado, até o município de Laguna. No mangue há decomposição de matéria orgânica, que se transforma em nutrientes, os quais são aproveitados pelo ecossitema existente no manguezal e nas praias próximas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Geologia Geral - Parte 2

AGENTES MODIFICADORES DO RELEVO

AGENTES INTERNOS



São os que atuam através de movimentos da superfície provocados por energias provindas do interior da Terra. As correntes convectivas do manto são sua principal causa. Pode-se destacar o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos.

TECTÔNICA GLOBAL


Deriva continental: esta teoria afirma que todos os continentes, antes da formação atual, estavam unidos em uma única massa continental, chamada de Pangéia. Com os movimentos da crosta terrestre, a Pangéia se dividiu lentamente, originando os continentes atuais.




Fig 1. Pangéia


Tectônica de placas: esta teoria é uma evolução da Deriva Continental. Afirma que a superfície terrestre é formada por várias placas tectônicas que se encaixam e estão em constante movimento, alterando a geomorfologia do globo.
Placa Norte Americana - América do Norte, Norte Atlântico Oeste e a Groenlândia
Placa Sul Americana - América do Sul e Atlântico Sul Oeste
Placa Antárctica - Antárctica e o "Oceano do Sul"
Placa Eurásia - Atlântico Norte Este, Europa e Ásia com a exceção da Índia
Placa Africana - África, Atlântico Sul Este e o Oceano Índico Oeste
Placa Índo-Australiana - Índia, Austrália, Nova Zelândia e a maioria do Oceano Índico
Placa Nazca - Oceano Pacífico Este adjacente à América do Sul
Placa do Pacífico - a maioria do Oceano Pacífico (e costa Sul da Califórnia)
Fig 2. Placas Tectônicas. Esta figura mostra todas as placas tectônicas e a descrição de oito placas principais. Além das principais, há outras vinte menores.

O movimento das placas tectônicas pode ser convergente ou divergente, horizontal ou vertical. Pode provocar:


Dobras e Falhas geológicas são muito freqüentes nas bordas de placas tectônicas e geralmente aparecem acompanhadas de vulcanismo.
Os dobramentos mais recentes correspondem às regiões mais altas do globo, e recebem a denominação de dobramentos modernos. A Cordilheira do Himalaia e a Cordilheira dos Andes são os maiores exemplos. No Brasil, devido ao país não estar na borda de uma placa tectônica, não há dobramentos modernos, mas sim montanhas mais antigas e pouco altas, devido ao desgaste pela erosão.

No fundo do Oceano Atlântico, acompanhando a sua área central sua panhando osal Atlantica.as e uma cadeia montanhosa. o fundo doela eros sedimentos para anos., há movimento divergente de placas. Elas estão se separando, formando um duto na área de separação e proporcionando a subida de magma até o oceano. Este, em contato com a água, se resfria formando rochas e uma cadeia montanhosa. Esta cadeia é chamada de Dorsal Atlântica. É uma cadeia submersa, mas algumas vezes chega à superfície formando ilhas, como no caso da Islândia.

A principal área de ocorrência vulcânica no mundo está nas bordas da Placa do Oceano do Pacífico, sendo a região também chamada de Círculo de Fogo do Pacífico.

Como observamos, a superfície terrestre está em constantes modificações devido ao movimento de placas tectônicas. Estes movimentos fazem parte dos agentes internos.


Fig 5. Abalos Sísmicos.




AGENTES EXTERNOS


Ao contrário dos agentes internos, os externos tendem a rebaixar a superfície de relevo. Eles modelam, contornam, transformam as rochas em sedimentos e transportam os sedimentos para áreas mais baixas, formando grandes bacias sedimentares. Montanhas muito antigas sofreram a ação dos agentes externos por muito tempo, tornando-se hoje áreas rebaixadas, ao contrário das montanhas recentes.

Fig 6. Vila Velha (PR). Exemplo de erosão eólica.

O conjunto de processos que leva à degradação física ou a sua decomposição química é chamado de intemperismo, podendo ser:

*Físico: desagregação física das rochas, geralmente acontece devido a variação de temperatura. Em temperaturas elevadas, a rocha se dilata e em temperaturas baixas, ela se contrai, provocando desagregação.
*Químico: quando há reação de água com os minerais da rocha, causando, levando a uma decomposição química.
*Biológico: provocado, por exemplo, pelas raízes das plantas que crescem próximo à uma área rochosa.

Principais agentes externos: rios, chuva, mar, vento, organismos, homem, etc.

SOLOS

A formação dos solos é conseqüência da desagregação das rochas, que se transformam em fragmentos e sedimentos menores. Os diversos tipos de solos podem ter características muito diferentes, dependendo do tipo de rocha que o originou e da forma como ocorreu o intemperismo.


Fig 7. Formação dos solos.

Analisando o perfil do solo, nota-se que quanto mais próximo da atmosfera, mais finos são os sedimentos. Podemos dividir o solo, então, em camadas, chamadas de horizontes do solo.

Fig 8. Horizontes dos solos.


Os solos também podem ser classificados em:


CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS

A litosfera é formada por uma variedade de rochas que, quanto a sua origem, se classificam em magmáticas, sedimentares e metamórficas.

MAGMÁTICAS:
foram formadas pela solidificação de magma vulcânico, sendo classificadas também como:
*Extrusivas: forma-se fora da litosfera, esfriando-se rapidamente. Não é possível distinguir seus minerais a olho nu. Ex: basalto e pedra-pomes.

Fig 9. Basalto

*Intrusivas (ou plutônicas): forma-se no interior da litosfera, resfriando-se lentamente. É possível distinguir seus minerais a olho nu. Ex: granito e diabásio.
Fig 10. Granito

SEDIMENTARES: formadas no processo conhecido como litificação, em que os sedimentos voltam novamente a formar rochas, devido a compactação e recristalização. As rochas sedimentares podem ser:


* Clásticas: quando se formam pela acumulação de fragmentos de minerais. Ex: arenito.
* Orgânicas: quando se formam da recristalização de sedimentos oriundos de material orgânico. Ex: calcário
* Químicas: quando se formam pela precipitação de sais a partir de soluções aquosas. Ex: sal-gema
Fig 11. Arenito



Fig 12. Calcário

METAMÓRFICAS: são formadas quando as rochas, magmáticas ou sedimentares, são submetidas a um aumento de temperatura e pressão, a ponto de ocorrer nova fusão e posterior solidificação. Em geral os processos metamórficos ocorrem associados aos processos tectônicos. Ex: mármore – que se originou do calcáreo; gnaisse – que se originou do granito.



Fig 13. Mármore


EXERCÍCIOS

1. (UDESC) O ano de 2005 foi marcado por catástrofes naturais, as quais trouxeram destruição à vida humana, eventos que foram amplamente divulgados na mídia internacional. Sobre essas catástrofes a Geografia ensina que:
I – A maior parte dos fenômenos tectônicos resulta da pressão que o magma exerce sobre a crosta terrestre.
II – Terremotos, vulcanismo e tsunamis são comuns em áreas de choque de placas tectônicas.
III – O Brasil possui a totalidade de seu território no interior da placa tectônica sul-americana.
IV – Tanto nas zonas de construção como nas zonas de destruição, além da ocorrência de terremotos e vulcanismos é comum o aparecimento de dobras ou fraturas. As dobras ocorrem em rochas frágeis e mais ou menos plásticas, enquanto as fraturas se formam em rochas mais resistentes ou rijas.
V – Em geral, as chamadas montanhas recentes apresentam intensa atividade sísmica e vulcanismos, justamente porque se encontram no limite de destruição das placas tectônicas.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.
c) Todas as afirmativas são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III e V são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.

2. (UFPR) O relevo é o resultado da atuação de forças de origem interna e externa, as quais determinam as reentrâncias e as saliências da crosta terrestre. Sobre o tema, é correto afirmar:
a) Os distintos tipos de intemperismo são fatores de natureza externa que contribuem para a modelagem do relevo terrestre.
b) Feições do macro-relevo terrestre, como o constituído pelas grandes cordilheiras, têm suas formas explicadas pela ação da gravidade.
c) Os processos de erosão e deposição de materiais estão na dependência do movimento das placas tectônicas.
d) Antes da atuação antrópica, nos últimos 10 mil anos, o relevo era estático, isto é, não sofria grandes transformações.
e) As planícies podem ser consideradas como áreas típicas de erosão.

3. (UFSC) A Terra é dinâmica. O relevo é construído e destruído continuamente pelos diferentes agentes. As proposições abaixo mostram as características da estrutura geológica do Brasil e do seu relevo.

Assinale aquela(s) que é(são) CORRETA(S).

01. Os escudos ou maciços antigos estão profundamente desgastados pela erosão.
02. O território brasileiro possui uma estrutura geológica antiga.
04. O Brasil não possui movimentos geológicos recentes, como os dobramentos modernos.
08. O nosso país possui um relevo de altitudes baixas, reflexo da erosão e ausência de movimentos geológicos recentes.
16. As bacias sedimentares ocupam reduzida área e caracterizam-se pela ausência de recursos minerais.

4. (UFRS) Com base nos estudos dos fósseis e da dinâmica terrestre, os geocientistas procuram compreender as transformações do ambiente, organizadas em uma ordem cronológica expressa na escala de tempo geológico.
Associe adequadamente as características apresentadas no bloco inferior com os intervalos de tempo geológico do bloco superior.

1 - Mesozóico
2 - Paleozóico
3 - Cenozóico
4 - Pré-Cambriano

( ) Surgimento das primeiras formas de vida.
( ) Formação das cadeias de montanhas atuais, como os Alpes, o Himalaia e os Andes.
( ) Início da fragmentação do continente primitivo (pangea), dando origem a duas massas continentais: Gondwana e Laurásia.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) 4 - 1 - 3.
b) 4 - 3 - 1.
c) 2 - 4 - 3.
d) 3 - 4 - 1.
e) 1 - 2 - 4.

5. (Fatec) O 'tsunami' que matou, em dezembro de 2004, muitos milhares de habitantes de países banhados pelo Oceano Índico já estava quase esquecido quando, em final de maio de 2006, um forte tremor de terras na ilha de Java (Indonésia) fez novas vítimas, que chegam a cerca de 5 mil mortos.
Os dois fenômenos, tsunamis e terremotos,

a) estão relacionados às estruturas geológicas cristalinas, predominantes na região.
b) representam ocorrência comum nas regiões situadas no centro de uma placa tectônica.
c) resultam dos desequilíbrios geotérmicos que ocorrem no núcleo, parte central da Terra.
d) demonstram que os epicentros, locais de formação dos tremores, estão concentrados no hemisfério Sul.
e) têm origens semelhantes, pois ocorrem devido à movimentação das placas tectônicas.
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GABARITO
1 - C
2 - A
3 - 15
4 - B
5 - E

terça-feira, 23 de março de 2010

Geologia Geral - Parte 1

ERAS GEOLÓGICAS

A idade da Terra é calculada em torno de 4,5 bilhões de anos. Desde a sua formação, sua estrutura geológica tem sofrido diversas modificações. Para melhor compreensão das várias épocas de transformações ocorridas no relevo terrestre, podemos dividir a história da terra em eras geológicas. O tempo geológico começa a ser contado a 4,5 bilhões de anos atrás até a época atual. As principais eras são:





ESTRUTURA INTERNA DA TERRA


No processo de evolução da geologia do Planeta, a estrutura interna da Terra foi se consolidando, até encontrarmos as formas atuais:


Fig 1. As camadas da Terra


Crosta Terrestre: camada sólida, a mais externa, onde vivemos e também chamada de superfície terrestre ou litosfera. Formada principalmente por rochas a base de silício, magnésio e alumínio. Constituída por placas tectônicas, que se encaixam e estão em constante movimento.

Pode ser dividida em duas camadas:


  • * SiAl: segmento de rochas a base de silício e alumínio. Mais leves, portanto, predomina na parte superior da listosfera. É também chamada de crosta continental. Sua espessura varia de 30 a 80 km. As áreas montanhosas apresentam esta camada mais espessa.

    * SiMa: segmento de rochas a base de silício e magnésio. Mais pesadas, predominando na parte inferior da litosfera, no fundo dos oceanos. Também chamada de crosta oceânica. A espessura é muito variável, tendo em média 7,5 Km.

Astenosfera: Camada imediatamente inferior a litosfera, comportando-se como um fluido viscoso, sobre a qual as placas tectônicas litosféricas se movimentam.

Manto: constituído de material rochoso em estado de fusão, ocupa cerca de 80% do volume da Terra. Fica logo abaixo da litosfera e chega até a 2900km abaixo da superfície. Sua temperatura varia de 100ºC, na região em contato com a litosfera, até a 3500ºC próximo ao núcleo. Estas diferenças de temperatura são responsáveis pelas correntes de convecção formadas no manto, que vão provocar o movimento das placas tectônicas na superfície terrestre.


Núcleo: camada existente no centro da esfera terrestre, formada principalmente por níquel e ferro, sendo por isso também chamado de NiFe. As temperaturas chegam até a 5000ºC. As pressões exercidas sobre a camada são tão elevadas que, mesmo à altas temperaturas, o núcleo interno se encontra em estado sólido. O núcleo interno é isolado do resto do planeta pelo núcleo externo (em estado pastoso).


Fig 2. Espessura das camadas da Terra


EXERCÍCIOS

1. (UEL) As grandes cadeias de montanhas, como os Alpes ou o Himalaia, tiveram origem

a) na era Mesozóica, quando da fragmentação do antigo continente de Gondwana.
b) no Pré-Cambriano, em virtude dos grandes falhamentos ocorridos na crosta terrestre.
c) no Paleozóico, quando os continentes começaram a tomar as formas atuais.
d) há mais de 190 milhões de anos, em conseqüência da movimentação do NIFE, a camada mais interna da Terra.
e) há mais de 60 milhões de anos, graças à movimentação das placas tectônicas.

2. (UEM) Sobre a estrutura da Terra e a sua composição, assinale o que for correto.

(01) A camada sólida e externa da Terra é chamada de litosfera ou crosta terrestre. Subdivide-se em Sial e Sima.
(02) O Sial corresponde à camada externa da crosta. Nessa camada, o silício e o alumínio são os principais minerais presentes.
(04) O Sima corresponde à camada interna da crosta. Nessa camada, predominam as lavas vulcânicas, sendo o silício e a magnetita os principais minerais presentes.
(08) O Nife corresponde ao núcleo da Terra, formado por minerais pesados, com destaque para o níquel, o chumbo e o mercúrio.
(16) Os principais recursos minerais inorgânicos encontram-se no subsolo, isto é, na camada imediatamente inferior à crosta externa.
(32) Os recursos minerais de origem orgânica, como os combustíveis fósseis, encontram-se no manto, que corresponde a uma camada intermediária entre a crosta e o núcleo, mais próxima da superfície do planeta, no fundo oceânico.

3. (UFPE) O estudo das ondas sísmicas e dos campos magnéticos permitiu o descobrimento e a caracterização de três importantes camadas internas da Terra: a Litosfera, o Manto e o Núcleo. Com relação a esse tema, estão corretas as afirmações abaixo:

( ) O Manto envolve o Núcleo terrestre, ocupa a maior parte do volume do planeta e se comporta como um fluido que se move lentamente.
( ) A Crosta Oceânica, uma porção da Litosfera, é composta fundamentalmente por rochas graníticas e não apresenta, em suas camadas inferiores, rochas basálticas.
( ) Sob a Litosfera existe uma camada de rocha menos rígida, conhecida como Astenosfera; trata-se de uma zona de baixa velocidade sobre a qual "flutuam" as placas litosféricas.
( ) O Núcleo é formado basicamente por níquel e alumínio; essa camada, que produz o campo magnético do planeta, apresenta elevadas temperaturas.
( ) A Litosfera acha-se dividida em blocos mais ou menos rígidos designados como "placas"; essas placas são deslocadas por correntes de convecção que se formam no Manto.


4. (Unifesp) Na última década, várias pesquisas na África e na América do Sul confirmaram a hipótese de que elas formavam um continente no passado. Assinale a alternativa que identifica corretamente a era geológica em que a separação ocorreu e o nome do novo continente que ela gerou.
a) Cenozóica; Pangéia.
b) Mesozóica; Gondwana.
c) Pré-Cambriano; Gondwana.
d) Paleozóica; Pangéia.
e) Quaternário; Gondwana.
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GABARITO
1 - E
2 - 03
3 - V, F, V, F, V
4 - B

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Resolução da Prova de GEO - UFSC 2010

Questão 11


Sobre as relações de trabalho e de produção, é CORRETO afirmar que:

01. no início do século XX, o industrial norte-americano Henry Ford inovou os métodos de produção, introduzindo esteiras rolantes nas linhas de montagem dos automóveis: as peças chegavam até os operários, que executavam sempre as mesmas tarefas referentes a cada parte do carro.
02. com o desenvolvimento da globalização e da economia informacional, especialmente dos países subdesenvolvidos, cabe aos Estados investir, prioritariamente, em áreas sociais para que a mão de obra tenha preparo e possa, assim, inserir-se na nova economia.
04. na maioria dos países europeus, até a Primeira Guerra Mundial, a organização da produção esteve apoiada em indústrias de base, como as indústrias siderúrgicas, químicas, alimentícias e do vestuário.
08. no Brasil, de acordo com a legislação em vigor, a jornada máxima de trabalho em todos os setores da economia é de 36 horas semanais.
16. nos países em que as empresas investem em informatização e robótica, verifica-se o desemprego conjuntural.

01. V. O método de produção na afirmativa é chamado de fordismo, que tem como características a produção em série, armazenagem em estoque, e uma grande divisão do trabalho dentro da fábrica, fazendo com que os funcionários tenham sempre as mesmas tarefas, repetindo-as várias vezes.

02. V. A evolução da técnica na produção no mundo globalizado exige mão-de-obra qualificada e esta só é possível com pesados investimentos do Estado em áreas sociais, principalmente no sistema educacional.

04. F. Nos países europeus, capitalistas, o principal foco era a indústria de consumo. Nos países socialistas sim, o principal apoio para a organização econômica estava nas indústrias de base.
08. F. A jornada de trabalho normal no Brasil é de 8 horas diárias, ou seja, 40 horas semanais.

16. F. Desemprego conjuntural: causado por uma crise momentânea, que tende a passar com o tempo, voltando as oportunidades de emprego assim que passar a situação econômica desfavorável, como aconteceu recentemente na crise que se iniciou no final de 2008. Desemprego estrutural: desemprego permanente, sem retorno às oportunidades, como acontece no caso do êxodo rural e da automação industrial.

Resposta: 03

Questão 12





Escrita na década de 1950, a peça Eles não usam black-tie nos remete à reflexão sobre movimentos sociais no Brasil.

Com base no contexto socioeconômico em que a obra de Guarnieri foi escrita e nos movimentos sociais no Brasil, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

01. A década de 1950 foi caracterizada por um período de recessão econômica. Os índices inflacionários superavam 100% ao mês.
02. Na década de 1950, o sindicalismo brasileiro enfrentou, com muitas greves, a inserção do país no capitalismo internacional.
04. No Brasil, a organização sindical teve início no século XX e foi nutrida, de um lado, pelos anarquistas utópicos e, de outro lado, pelos defensores do neoliberalismo econômico.
08. Cenário de Eles não usam black-tie, as favelas estão circunscritas sobretudo às metrópoles regionais, como é caso do Rio de Janeiro e de São Paulo.
16. Criada na década de 1950, a Companhia Vale do Rio Doce, empresa de economia mista, foi o cenário que levou os personagens de Eles não usam black-tie a deflagrarem greve por melhores condições de trabalho e de salário.
32. Infere-se do diálogo do personagem Otávio que uma das estratégias utilizadas pelos sindicatos é a greve, como forma de pressionar os patrões para a obtenção de determinado objetivo.


01. F. O principal problema, relatado no texto, na década de 50 no Brasil, foi o desemprego e os baixos salários gerados pelo "desenvolvimentismo", quando o país se inseria na economia internacional e havia necessidade de ter preços competitivos. A crise inflacionária se deu na década de 80.
02. V. Os operários protestavam contra a dura jornada de trabalho e os baixos salários através das greves.
04. F. Ao contrário de anarquistas e neoliberais, os participantes da organização sindical reivindicavam uma maior responsabilidade do Estado sobre a economia e sua situação de trabalho, ideais típicos socialistas.
08. F. Rio de Janeiro e São Paulo, na hierarquia urbana, são classificadas como metrópoles nacionais.
16. F. Na época em que foi criada, em 1942, a Companhia Vale do Rio Doce era de economia mista, ou seja, parte estatal e parte privada. Hoje é uma empresa privada. A obra não faz referência a Companhia Vale do Rio Doce, fala apenas de uma "Fábrica".
32. V. A obra mostra a greve como um importante movimento social, para pressionar os patrões principalmente a aumentar os salários.


Resposta: 34


Questao 13

Com base no gráfico acima, Brasil: Valor da produção industrial, pode-se afirmar CORRETAMENTE que:
01. os estados da Região Sudeste participam com o maior valor gerado pela atividade industrial no Brasil.
02. a baixa participação da Região Sul no valor total da produção industrial brasileira deve-se sobretudo à forte presença de indústrias transnacionais.
04. os estados mais industrializados do Brasil estão concentrados no Complexo Regional do Centro-Sul.
08. as condições climáticas, a falta de mão de obra qualificada e a carência de matérias-primas justificam a baixa participação do estado do Amazonas no valor total da produção industrial brasileira.
16. Bahia e Pernambuco, na Região Nordeste, contribuem mais do que os estados do Sul para o valor da produção industrial do Brasil.


01. V. Embora não conste o ES, no gráfico está claro o maior valor gerado por SP, MG e RJ, estados da Região Sudeste.

02. F. A Região Sul (RS, SC e PR) participa com o segundo maior valor gerado pela atividade industrial, não tem, portanto, baixa participação na produção industrial.

04. V. A divisão regional geoeconômica do Brasil complementa 3 regiões: a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Sul, sendo esta região a mais industrializada.

08. F. Não é baixa a participação, já que pelo gráfico é o sétimo estado na participação da produção industrial. Isto se dá principalmente devido a Zona Franca de Manaus, onde a política de isenção fiscal contribuiu para a instalação de um parque industrial.

16.F. No gráfico está claro que contribuem menos que os estados da Região Sul.


Resposta: 05

Questão 14



Na camada superficial da litosfera forma-se o solo, onde as plantas se fixam e do qual extraem água e elementos nutrientes.
Sobre o solo, é correto afirmar que:
01. é resultante da desagregação das rochas originais e da decomposição química das mesmas, formando uma camada superficial composta de água e minerais que se vai enriquecendo de matéria orgânica com o tempo.
02. os solos catarinenses são considerados pobres em função da intensa lixiviação, considerando que os totais pluviométricos assemelham-se aos encontrados na Região Norte.
04. o solo é o resultado de muito tempo de modificações nas rochas pelos agentes externos, como o clima e a vida microbiana. Áreas com o mesmo tipo de rocha, mas com climas diferentes, apresentam o mesmo tipo de solo.
08. a vegetação do Cerrado desenvolve-se sobre solos pobres e ácidos que, apesar de sustentar a diversidade biológica desse ambiente, necessitam de insumos agrotecnológicos para o desenvolvimento da cultura da soja.
16. características do solo, como quantidade de umidade, composição química e textura, não influenciam no desenvolvimento, abundância, diversidade e aspecto da cobertura vegetal.


01. V.
02. F. A lixiviação é o transporte, pela água, de nutrientes essenciais às plantas para camadas do subsolo, onde ficam inacessíveis. Acontece em regiões de muitas chuvas e em solos arenosos. Em SC há solos de boa qualidade agrícola, principalmente em direção ao Oeste do estado, onde predominam solos derivados do basalto. O principal problema é a acidez, que é corrigida com a adição de calcáreo.
04. F. Áreas com o mesmo tipo de rocha, mas com climas diferentes, apresentam, em geral, solos com características distintas, pois o processo de degradação da rocha não acontece da mesma forma.
08. V. Necessitam principalmente de fertilizantes e adição de calcáreo.
16. F. É óbvio que tais características influenciam a cobertura vegetal.

Resposta: 09

Questão 15



Sobre o tema urbanização e as informações contidas no mapa acima, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

01. A Nicarágua é o país da América Latina em que se verifica a menor relação de acesso à telefonia móvel, considerando-se a sua população absoluta.
02. Na América Andina, o mais elevado grau de urbanização está no Peru.
04. Os países da América Central que entre os séculos XVII e XVIII foram colonizados por espanhóis apresentam grau de urbanização superior a 50%.
08. Dentre os países membros do Mercosul, o Uruguai é o que apresenta o mais alto grau de urbanização.
16. Mais de 50% da população latino-americana é favorecida pelas inovações tecnológicas da globalização.
32. A tecnologia informacional é acessível à América Latina, considerando-se que a telefonia móvel supera os percentuais de urbanização.
64. Dentre os países que não estabelecem fronteiras com o Brasil, o Chile apresenta o mais alto grau de urbanização.


o1. V. Pelo mapa, observa-se que a Nicarágua tem a menor relação de acesso a telefonia móvel.

02. F. Países como Chile, Colômbia e Venezuela tem maior grau de urbanização que o Peru.

04. F. Países como Honduras e Guatemala tem índice de urbanização menor que 50%.

08. V. Observa-se claramente que o índice de 92,6% é o maior indicado no mapa.
16. F. Os indicadores de telefonia móvel não ultrapassam 50%.
32. F. Os indicadores de urbanização são maiores.
64. V. O Chile, com 85,7%, apresenta o mais alto grau de urbanização dos países que não fazem fronteiras com o Brasil.
Resposta: 73


Questão 16


Sobre a colonização e a cultura açoriana em Santa Catarina, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).


01. Os açorianos, vítimas da xenofobia pelos portugueses, emigraram para Santa Catarina no século XVIII para desenvolverem colônias de exploração.
02. Os atuais municípios de São José, São Francisco do Sul, Laguna e Florianópolis foram colo-nizados sobretudo pelos açorianos.
04. Jogos da mora (jogo do palito) e bocha são manifestações culturais típicas dos açorianos.
08. A festa do Divino Espírito Santo ocorre com maior frequência nos municípios litorâneos colo-nizados em sua grande maioria por açorianos.
16. As condições geomorfológicas favoreceram a fixação dos primeiros açorianos nos vales do rios Canoinhas e Peperi-Guaçu.


01. F. Os açorianos foram enviados para SC para povoar o território, garantindo sua proteção, e também impulsionando a economia com a extração do óleo de baleia. O excedente populacional na ilha dos Açores também contribuiu para que emigrassem.
02. V. Tanto por açorianos, como por vicentistas.
04. F. Jogos de mora e bocha são típicos da cultura dos italianos.
08. V.
16. F. Se fixaram nas áreas litorâneas. Os rios citados pertencem a vertente do interior.

Resposta: 10


Questão 17



Sobre as fontes de energia, é CORRETO afirmar que:
01. as usinas térmicas a gás natural são menos agressivas ao meio ambiente, se comparadas às usinas movidas a petróleo e, principalmente, às de carvão mineral.
02. o potencial hidrelétrico de um curso fluvial é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração de desníveis existentes ao longo do curso de um rio.
04. atualmente, 80% da energia consumida no Brasil é proveniente da biomassa (lenha, carvão vegetal).
08. apesar de possuir mais de 50% de sua superfície formada por rochas metamórficas, o Brasil não apresenta grandes jazidas de petróleo em sua parte continental. A maioria das reservas está na plataforma oceânica.
16. o petróleo é aproveitado economicamente como fonte de energia e matéria-prima. Como fonte de energia, esse recurso é transformado em combustíveis, como o óleo diesel, a gasolina e o querosene.
32. o esforço muscular, assim como a maioria das fontes de energia derivadas de biomassas, é considerado não renovável.



01. V. O gás natural, embora seja uma fonte de energia não-renovável, é menos poluente (quase totalmente aproveitável) e de menor custo que o petróleo e o carvão mineral.
02. V. Quanto maior a declividade do rio, maior a sua vazão, e consequentemente maior o seu potencial para produção de energia hidrelétrica.
04. F. A maior parte da energia consumida no Brasil vem do petróleo e derivados (próximo a 50%). A energia de biomassa não chega a 20% do consumo nacional. Obs: referindo-se a energia elétrica, mais de 90% tem origem hidráulica.
08. F. 64% do território brasileiro é composto por rochas das bacias sedimentares. Estas tem algumas reservas de petróleo continentais na Amazônia e no Paraná. A maior exploração está nas bacias litorâneas.
16. V.
32. F. A energia derivada da biomassa é considerada renovável, assim como o esforço muscular.


Resposta: 19

Questão 18



Com o auxílio da tabela sobre a evolução física ou estrutural da Terra, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

01. Os solos de terra roxa originários de rochas ígneas extrusivas são encontrados sobretudo nos Complexos Regionais da Amazônia e do Centro-Sul.
02. As cordilheiras dos Andes e do Himalaia tiveram a sua origem na Era Cenozóica.
04. No Brasil, minerais metálicos como Fe, Ca, Hg, Mn, S, Al e Na têm as suas maiores reservas na Região Nordeste.
08. O arquipélago de Fernando de Noronha (PE) tem a sua origem associada à Era Pré-Cambriana.
16. As jazidas de carvão mineral em Santa Catarina têm a sua origem, principalmente, na Era Paleozóica.
32. Em Santa Catarina, a Serra Geral pertencente às formações do Escudo Brasileiro adquire a direção norte-sul, sendo, porém, as direções norte-nordeste e sul-sudoeste as mais frequentes.
64. Com altitude aproximada de 3.000 metros, o Pico da Neblina – o ponto culminante do Brasil – tem a sua origem na Era Cenozóica.




01. F. Solos de terra-roxa, muito férteis, originários de rochas ígneas extrusivas, são encontrados em São Paulo e Paraná. Na Amazônia os solos são considerados de baixa fertilidade.

02. V. Os dobramentos modernos, como os Andes e o Himalaia, tiveram sua origem no período terciário da Era Cenozóica.

04. F. Minerais metálicos são de origem dos escudos cristalinos, formações muito antigas. No nordeste predominam as estruturas sedimentares, mais recente, e pobre nos minerais citados. As maiores reservas estão no PA e em MG.

08. F. O arquipélago tem origem de erupções vulcânicas em área oceânica, algo mais recente, na Era Mesozóica.

16. V. O carvão mineral teve sua formação durante a Era Paleozóica.

32. F. A Serra Geral foi formada através de derramamento de lava durante a Era Mesozóica, não sendo, portanto, pertencente à estrutura dos Escudos Cristalinos (da Era Pré-Cambriana). As Serras do Leste, mais próximas ao litoral catarinense, são formações pertencentes ao Escudo Brasileiro. Obs: No gabarito do site da Coperve, esta questão está equivocadamente marcada como correta e não houve alteração para correção.

64. F. O Pico da Neblina, já muito desgastado pelos efeitos erosivos do meio, pertence à estrutura do escudo cristalino, sendo formado na Era Pré-Cambriana.

Resposta: 18

Questão 19



Com o auxílio das informações do Texto 1, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

01. Nas proximidades do Equador, dá-se o encontro dos alísios de sudeste com os alísios de nordeste. É a zona de convergência intertropical.
02. A região equatorial se localiza nas baixas latitudes e se caracteriza como uma zona de baixa pressão.
04. Os furacões são fenômenos caracterizados pela formação de um sistema de baixa pressão. Formam-se, geralmente, em regiões tropicais do planeta.
08. Para que ocorra um raio é necessário que as nuvens possuam a mesma carga elétrica.
16. As nuvens cúmulos-nimbos são encontradas em altitudes que variam de 0 a 5 km. A sua presença indica estabilidade no tempo.



01. V. Ventos alísios são os que tem origem nos trópicos (Câncer ao N e Capricórnio ao S) e vão em direção ao Equador. São ligeiramente inclinados para oeste, devido ao movimento de rotação da Terra. Se encontram na linha do Equador, portanto esta é uma área de convergência dos ventos alísios.

02. V. A latitude da Linha do Equador é 0°, ou seja, as regiões próximas são de baixa latitude. As altas temperaturas provocam a área de baixa pressão.

04. V. As áreas mais quentes do globo geram as baixas pressões, que provocam a convergência de ventos e possível formação de furacões.

08. F. Os raios acontecem em áreas com cargas elétricas opostas, sejam entre nuvens ou entre nuvem e Terra.

16. F. Os cúmulos-nimbus são encontrados, em média, de 7 a 9km da superfície, podendo chegar a altitudes bem maiores. Sua presença indica tempo instável, com tempestades, raios, trovões e possibilidade de formação de tornados e furacões.

Resposta: 07

Questão 20


Com o auxílio das informações do Texto 2, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Se o voo da Air France decolou no dia 1º de junho de 2009 do Rio de Janeiro, os mais de 200 passageiros, caso não ocorresse a tragédia, teriam desembarcado em Paris no dia 31 de maio de 2009.
02. Ao analisarmos as informações contidas no mapa, o voo 447 da Air France era direto, ou seja, sem conexões ou escalas.
04. A aeronave desapareceu em uma área que compreende a costa brasileira e a costa ocidental africana.
08. O fuso horário de Paris está mais adiantado se comparado ao do Rio de Janeiro, devido a sua localização no hemisfério norte.
16. A aeronave decolou de uma cidade que se localiza próxima ao trópico de Capricórnio.
32. O voo da Air France desapareceu em uma área que se encontra ao norte do paralelo de 23°27' N.

01. F. Como o vôo se direciona para leste, o horário de chegada, pelo sistema de fusos horários, só poderia ser em horários à frente do horário de partida. A afirmativa erra ao considerar que quando chega em Paris, estaria o calendário num dia anterior.

02. V.

04. V.

08. F. O fuso horário está mais adiantado por estar localizada a leste.

16. V. Falar de proximidade é muito relativo. Em relação a São Paulo, a cidade do Rio de Janeiro não está próxima ao Trópico de Capricórnio. Em relação a Paris, a cidade do Rio de Janeiro está próxima ao Trópico de Capricórnio.

32. F. O paralelo de 23°27' N é referente ao Trópico de Câncer. Como observado no mapa, o desaparecimento da aeronave ocorreu próximo a Linha do Equador, portanto, ao sul do Trópico de Câncer.

Resposta: 22

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O drama e a geopolítica no Haiti

Dia 12 de janeiro...comemorando singelamente meu aniversário no litoral nordeste brasileiro, sem saber o que leria num jornal em Recife, no dia seguinte. Notícias sobre um pequeno tremor na região, assustando algumas pessoas. Qual surpresa foi a de saber de que posteriormente,no Haiti, o tremor foi catastrófico. Atingindo 7 pontos na escala Richter, a confluência de duas placas tectônicas (Placa Norte-Americana e Placa Caribenha), entremeadas pela Microplaca Gronave, gerou um deslocamento de 1,5 metros (normalmente, o deslocamento anual é de poucos milímetros).

Fonte: Adaptado da Revista VEJA, ed. 2148 - 20 de janeiro de 2010.




Mais um desastre para a ilha de Hispaniola, que abriga o Haiti e a República Dominicana.

Os haitianos não contavam com mais essa. Tendo que conviver com o pior IDH da América e ainda por cima ver agora suas construções serem destruídas. Mais de uma centena de milhares de mortos e a impotência em relação às "forças da natureza". Entre as vítimas, vários brasileiros, inclusive a a médica catarinense Zilda Arns. Fundadora da Pastoral da Criança, fundamental na redução da mortalidade infantil no Brasil, sendo que sua área de influência abrange mais de 70% do território brasileiro, além de outros países da América Latina, África e Ásia.

Mas á compreensão da tragédia é incompleta se desconsiderarmos outra força importante da natureza, a força social...sim. Essa falsa idéia de que sociedade e natureza são elementos distintos partiu do positivismo do século XIX. Idéia que, embora antiquada, é frequentemente encontrada nos discursos atuais e que dão informações fragmentadas sobre o entendimento do espaço. Basta procuramos entender um pouco o milagre da vida, o milagre da concepção, para percebermos como o ser humano é natural, assim como nosso mundo é formado por elementos naturais. Dissociar os propósitos e atividades humanas, natureza vegetal e mineral é separar elementos com origens comuns.

Então outra força natural já influencia na tragédia haitiana. A sua formação sócio-espacial. Um país no qual sua história foi marcada por uma rebelião "bem sucedida" de escravos africanos contra os colonizadores franceses, que culminou com sua independência em 1804. Bem sucedida? Tal qual como em vários países africanos, o período pós-independência ressaltou a inexperiência de um povo explorado por muito tempo, incapaz de assumir a organização do país, ficando suscetível a intervenções estrangeiras e a ditaduras, mergulhando o país num caos econômico-social, o que provocou uma elevada onda de emigrações, principalmente para os EUA, que já estão "por aqui" com os imigrantes.

Um país com todos estes problemas, atingido por um terremoto de 7 graus Richter. A tragédia com certeza seria bem menor se fosse no Japão por exemplo, mesmo com um terremoto de mesma magnitude. Então conclui-se que a tragédia também se intensificou com a força natural de sua organização sócio-espacial.

E a tragédia serviu também para chamar a atenção sobre outra questão importante para o Haiti: as influências internacionais. Vendo o Fantástico, no último domingo, me chamou atenção uma enfermeira grávida que foi resgatada após muito tempo soterrada. Quando conseguiram resgatá-la ouviram-se gritos de: Brasil!!! Brasil!!! Por que não gritaram: viva!!! ou graças a Deus!!! Esse pequeno momento da reportagem me chamou a atenção para uma questão geopolítica importante. Qual o motivo de associar esse resgate ao nome do nosso país? Que nacionalismo...o que tem a ver o nosso país com o momento de resgate da vítima?

Exalta-se então a geopolítica no Haiti. O Brasil chefia a missão MINUSTAH, que foi criada pela ONU em 2004 para restabelecer a ordem no Haiti. Mais de 1200 soldados brasileiros foram enviados a região. Por que logo brasileiros? Porque o Brasil almeja se tornar uma liderança mundial e entrar como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que tem atualmente apenas 5 membros permanentes: França, Reino Unido, EUA, Rússia e China, além de 10 membros rotativos. Decidem sobre missões de paz e intervenções militares. Tem poder de decisão na ONU em questões geopolíticas internacionais, inclusive de conflitos, além do que os membros permanentes tem o poder de veto.
Para uma posição de liderança durante o controle social no Haiti, o Brasil obteve certo destaque. Embora não contribuiu para melhorar a situação sócio-econômica do país, pelo menos manteve influência para que as coisas não piorassem. Mas a liderança da missão ficou ofuscada após a tragédia do tremor. Nas missões de ajuda ao Haiti, os EUA tiveram mais uma chance de mostrar sua supremacia, deixando mais uma vez a liderança brasileira em segundo plano.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Reflexões geográficas sobre o pós-crise


2010... Diferentemente do início de 2009, quando se alardeava uma organização mundial entrando em crise, o início do atual ano é dito como o período pós-crise, o período em que as expectativas de crescimento são maravilhosas, que há previsão para geração de empregos e melhoria da qualidade de vida em geral.


Pós-crise? Que crise é esta, alardeada pelos economistas com base em estatísticas desconexas? Estamos mesmo no pós-crise?

O Oriente Médio ainda vive clima de tensão com as disputas territoriais e pelas reservas petrolíferas, que fazem da região uma das mais ricas do mundo, sendo a renda per capita um indicador que faz brilhar os gráficos estatísticos. Mas e a maioria da população que nem sequer sente o cheiro dos altos investimentos, e rezam incessantemente para terem acesso mais fácil à água e pelo menos amenizar os sintomas da pobreza? Será que essa maioria sentiu bem a crise e sentirá agora o pós-crise?

E o que dizer dos países africanos, onde as taxas de natalidades são as maiores do mundo e convivem justamente com os piores IDH's? Imagino que a crise na qual se encontram estão relacionadas a fatores bem mais marcantes e que existem já há bem mais tempo, e não vêem tão cedo o pós-crise.

E o Brasil? Considerado um dos países que passaram melhor pela crise. Você sentiu os efeitos negativos da crise e está com esperança nos efeitos positivos do pós-crise? Se a resposta foi positiva, saiba que você faz parte da minoria. Ainda analisando um pouco mais sua resposta, vai perceber que o momento de crise que imagina não foi o pior que você pensou, assim como o período atual não tende a ser muito diferente, a menos que você tome as ações necessárias para modificar o que deseja. Mas se isso acontecer, sua vida iria melhorar tanto na crise quanto no pós-crise.


Crise sim, da minoria, que por muitas vezes detém os meios de comunicação e o alarde serve mais como meio para desculpas esfarrapadas tentando explicar atitudes economicamente desumanas. Agora não mais, pois estamos no pós-crise, vão ter que arranjar outra desculpa.

Verdade sim, várias empresas fecharam no início do ano passado, vários desempregados, mas isso já não vinha acontecendo há tempo na Nova Ordem Mundial? E a grande massa de desempregados que ainda existe no mundo? Seriam beneficiados pelo pós-crise? Acho de melhor análise imaginarmos uma crise constante, e mesmo assim com melhorias a cada ano, pois as crises constantes são motivadoras para a evolução mundial.

Para se falar em crise as estatísticas por si só nos dão respostas incompletas, entender o espaço mundial passa por análises muito mais de conexões de elementos, com respeito a sua história, do que simplesmente de dados. E esta é uma grande função da geografia, embora muitos ainda pensem que é uma ciência apenas de mapas, e de decorar países e capitais. Numa reportagem de uma renomada revista nacional, em setembro de 2009, havia três grandes explicações que procuravam mostrar porque os EUA superaram seus vizinhos: uma cultural, outra institucional e outra geográfica. Claro, a geográfica extremamente determinista, buscando a razão nos fatores físicos. E quem vai explicar para eles que a geografia é também cultural, institucional e histórica?
Talvez a crise seja melhor explicada por alguém que entenda a dinâmica do espaço geográfico. Tira-se uma importante conclusão: como há carência de geógrafos na mídia.


E você vestibulando? Para um educador é difícil falar isso, mas ainda a maioria dos vestibulares ainda vai lhe cobrar questões relacionadas a geografia decorada, e ao mundo pré e pós-crise. Você vai precisar saber o que eles querem, afinal, sua intenção com o vestibular é entrar na universidade e não apontar sua visão do mundo. Mas a visão de mundo é pra vida inteira, algo de muito mais valor que apenas saber a resposta correta de uma questão de alternativas.