2010... Diferentemente do início de 2009, quando se alardeava uma organização mundial entrando em crise, o início do atual ano é dito como o período pós-crise, o período em que as expectativas de crescimento são maravilhosas, que há previsão para geração de empregos e melhoria da qualidade de vida em geral.
Pós-crise? Que crise é esta, alardeada pelos economistas com base em estatísticas desconexas? Estamos mesmo no pós-crise?
O Oriente Médio ainda vive clima de tensão com as disputas territoriais e pelas reservas petrolíferas, que fazem da região uma das mais ricas do mundo, sendo a renda per capita um indicador que faz brilhar os gráficos estatísticos. Mas e a maioria da população que nem sequer sente o cheiro dos altos investimentos, e rezam incessantemente para terem acesso mais fácil à água e pelo menos amenizar os sintomas da pobreza? Será que essa maioria sentiu bem a crise e sentirá agora o pós-crise?
E o que dizer dos países africanos, onde as taxas de natalidades são as maiores do mundo e convivem justamente com os piores IDH's? Imagino que a crise na qual se encontram estão relacionadas a fatores bem mais marcantes e que existem já há bem mais tempo, e não vêem tão cedo o pós-crise.
E o Brasil? Considerado um dos países que passaram melhor pela crise. Você sentiu os efeitos negativos da crise e está com esperança nos efeitos positivos do pós-crise? Se a resposta foi positiva, saiba que você faz parte da minoria. Ainda analisando um pouco mais sua resposta, vai perceber que o momento de crise que imagina não foi o pior que você pensou, assim como o período atual não tende a ser muito diferente, a menos que você tome as ações necessárias para modificar o que deseja. Mas se isso acontecer, sua vida iria melhorar tanto na crise quanto no pós-crise.
Crise sim, da minoria, que por muitas vezes detém os meios de comunicação e o alarde serve mais como meio para desculpas esfarrapadas tentando explicar atitudes economicamente desumanas. Agora não mais, pois estamos no pós-crise, vão ter que arranjar outra desculpa.
Verdade sim, várias empresas fecharam no início do ano passado, vários desempregados, mas isso já não vinha acontecendo há tempo na Nova Ordem Mundial? E a grande massa de desempregados que ainda existe no mundo? Seriam beneficiados pelo pós-crise? Acho de melhor análise imaginarmos uma crise constante, e mesmo assim com melhorias a cada ano, pois as crises constantes são motivadoras para a evolução mundial.
Para se falar em crise as estatísticas por si só nos dão respostas incompletas, entender o espaço mundial passa por análises muito mais de conexões de elementos, com respeito a sua história, do que simplesmente de dados. E esta é uma grande função da geografia, embora muitos ainda pensem que é uma ciência apenas de mapas, e de decorar países e capitais. Numa reportagem de uma renomada revista nacional, em setembro de 2009, havia três grandes explicações que procuravam mostrar porque os EUA superaram seus vizinhos: uma cultural, outra institucional e outra geográfica. Claro, a geográfica extremamente determinista, buscando a razão nos fatores físicos. E quem vai explicar para eles que a geografia é também cultural, institucional e histórica?
Talvez a crise seja melhor explicada por alguém que entenda a dinâmica do espaço geográfico. Tira-se uma importante conclusão: como há carência de geógrafos na mídia.
Talvez a crise seja melhor explicada por alguém que entenda a dinâmica do espaço geográfico. Tira-se uma importante conclusão: como há carência de geógrafos na mídia.
E você vestibulando? Para um educador é difícil falar isso, mas ainda a maioria dos vestibulares ainda vai lhe cobrar questões relacionadas a geografia decorada, e ao mundo pré e pós-crise. Você vai precisar saber o que eles querem, afinal, sua intenção com o vestibular é entrar na universidade e não apontar sua visão do mundo. Mas a visão de mundo é pra vida inteira, algo de muito mais valor que apenas saber a resposta correta de uma questão de alternativas.
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